sexta-feira, abril 19, 2024

Macrossetor do comércio, serviços e logística acontece em São Paulo

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O segundo encontro do macrossetor do comércio, serviços e logística da CUT acontece nesta quinta e sexta-feira na subsede da Contracs, em São Paulo e reúne dirigentes dos ramos financeiro, comércio e serviços, comunicação, vigilantes e transportes para debater os desafios postos para os ramos enquanto classe trabalhadora, que está disposta a se reunir em prol de seus trabalhadores.

O encontro, que se iniciou na manhã desta quinta-feira, contou com uma fala dos dirigentes dos ramos para abrir o evento, que já estava atrasado. Logo após as falas, Gu Terra, da CUT, convidou José Silvestre e Rafael Serrão, do Dieese, e Jacy Afonso, da CUT, para falar sobre a conjuntura econômica e política na qual os setores estão envolvidos e que podem intervir de forma contundente na ação de toda a classe trabalhadora.

José Silvestre, do Dieese, iniciou suas falas tratando da Copa, não do ponto de vista se ela vai ou não acontecer, mas principalmente pelo fato do Brasil ter aceitado todas as imposições que a Fifa fez. “Eu duvido que as imposições feitas aqui também foram feitas, por exemplo, na Alemanha.” ponderou.

Quanto às questões econômicas que devem afetar a vida de toda a classe trabalhadora, principalmente devido à inflação que teve as taxas aumentadas no dia anterior ao evento, Silvestre ponderou que este é um fato que preocupa o Governo, pois gera efeitos maléficos para os trabalhadores e nos salários.

Em sua fala, Silvestre destacou que a inflação pode afetar principalmente nos reajustes salarias, que já tiveram uma diminuição no número de categorias com ganho real e, principalmente, reduziu o valor do ganho médio na análise dos dados de 2013. Para ele, 2014 deverá repetir números similares ao apresentado pelo Dieese nesta semana.

Por último, o técnico do Dieese abordou a questão do salário mínimo. Segundo ele, este é um elemento fundamental devido ao alcance que ele tem para as pessoas que tem seu ganho referenciado pelo salário mínimo e à política de valorização do salário, que teve efeito benéfico para as negociações e para os pisos das categorias. Silvestre lembrou que em 2015 a política de valorização do salário mínimo será reavaliada, podendo colocar fim na medida de forma a prejudicar ainda mais à classe trabalhadora.

Ao finalizar sua fala, o companheiro ponderou o desafio que está posto: qual é a alternativa para sustentar a economia e, sobretudo, sustentar essa política que vem permitindo ao longo dos anos reduzir a desigualdade e manter o crescimento do mercado de trabalho e sustentar os ganhos conquistados pelos trabalhadores nos últimos anos?

Rafael Serrão, técnico do Dieese, em seguida apresentou alguns dados contundentes sobre o macrossetor do comércio, serviços e logística. Para dar início à sua exposição, Rafael abordou o perfil dos ramos que compõem este macrossetor, que corresponde mais de 50% por tudo que é produzido no Brasil desde os anos 2000.

Além disso, Serrão apresentou que este macrossetor reúne quase 50 milhões de trabalhadores em 2012, o que representa mais de 50% dos trabalhadores brasileiros tornando-se o setor que mais emprega no Brasil atualmente. Rafael pontuou a questão da desindustrialização brasileira, o que distanciou as taxas de emprego na indústria em queda das taxas de emprego do setor de comércio, serviços e logística em ascensão.

Regionalmente, o técnico do Dieese pontuou que a maioria dos empregados estão na região sudeste. “É um dos macrossetores com mais distribuição, já que na indústria mais de 60% concentra-se no sudeste.”

Ao demonstrar o que Silvestre já havia pontuado em relação à formalização do emprego, Rafael apresentou o dado de que 50% dos trabalhadores deste macrossetor são assalariados formalmente, ou seja, possuem carteira assinada e diversos direitos garantidos por lei. Entre os assalariados informais são 22,5% e 20% são autônomos.

Entre os últimos dados, Rafael apresentou os índices de sindicalização, que vem diminuindo ao longo dos anos. Atualmente, o macrossetor tem taxa de sindicalização de 12,8%, e o ramo de comércio e serviços tem apenas 10,1%.

Para tratar do cenário político, Jacy Afonso, secretário de organização e política sindical da CUT, fez uso da palavra. Segundo ele, a classe trabalhadora tem enfrentado diversas dificuldades no governo atual devido a diminuição do diálogo com os trabalhadores e com o movimento sindical CUTista.

Para tanto, Jacy reforçou a importância da 8ª Marcha da Classe Trabalhadora, que acontecerá em São Paulo no próximo dia 9 e será uma demarcação de território por parte das centrais sindicais. Neste sentido, o dirigente reiterou a necessidade da massiva participação CUTista.

Entre as importantes conquistas dos trabalhadores, o secretário de organizaçaõ e política sindical da CUT destacou a luta contra o PL 4330. “Agora, o assunto que tivemos uma vitória grande e este macrossetor teve uma luta importante foi contra o PL 4330 e este setores foram os que foram mais à luta. Naquele momento, foi importante irmos contra o projeto que estava proposto e a açaõ sindical foi muito importante nisso.” afirmou.

Embora o projeto estivesse paralisado no Congresso, Jacy Afonso lembrou que este ainda é um assunto que está colocado na ordem do dia e deve ser colocado em votação após às eleições.

Por último, Jacy destacou a questão das eleições que embora tenhamos eleito um sindicalista para presidir o país e depois termos escolhido uma ex-guerrilheira ainda há uma grande dificuldade em eleger uma bancada que represente os trabalhadores. Atualmente, informou, grande parte da bancada do congresso é composta por ruralistas e políticos financiados pelas grandes empresas. “Então temos que ficar atentos à isso.” finalizou.

O debate foi aberto à plenária e as atividades da manhã se encerraram. Na parte da tarde, o evento abordará as negociações coletivas e os elos que unem as categorias que compõem este macrossetor.

Na sexta-feira, o debate continuará com as novas formas de organização do trabalho e do emprego decente; a prestação de serviços e o direito à cidadania e a agenda da classe trabalhadora e a disputa da hegemonia.

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