sexta-feira, março 29, 2024

Contracs-CUT participa de Seminário Fora Temer

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Clube dos Comerciários receberá debates às segundas-feiras como resistência ao Golpe em curso

Após o anúncio das medidas econômicas anunciadas na última terça-feira (24) pelo governo interino do vice-presidente Michel Temer, a CUT Brasília reuniu dirigentes sindicais no Clube dos Comerciários, Brasília-DF e deu inícioao Ciclo de Seminários, denominado “Resistir Sempre, Temer Jamais”. Sendo este o primeiro de vários outros encontros que terão como objetivo garantir os direitos trabalhistas adquiridos, a defesa da democracia e a luta para reverter o golpe que está em curso. Para os próximos debates estão previstos temas como a organização da classe trabalhadora e a discussão sobre a reforma previdenciária, entre outras que acontecerão sempre às segundas-feiras, no Clube dos Comerciários de Brasília.

As medidas tomadas por Temer evidenciam um ataque aos benefícios conquistados durante as gestões do PT (2003/2016), como: saúde, educação, habitação, seguridade social, agricultura familiar e o direito das minorias. Para Lilian Arruda, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), “as medidas econômicas anunciadas significam recessão, desemprego e retirada de direitos”. Segundo Neuriberg Dias, assessor técnico do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), as ações configuram retrocesso, uma vez que “os projetos são votados sob a influência do poder econômico que encontra apoio no Governo e no Congresso, o que inviabiliza as pautas de interesses dos trabalhadores e ainda fere a constituição, ao criar a Comissão Mista de regulação da constituição”, denunciou o assessor.

Lideranças presente

Diante do quadro político, o Secretário de Coordenação Administrativa e Política da Sede da Contracs-CUT/DF, Luiz Saraiva reafirmou o compromisso da classe trabalhadora. “Estaremos nas ruas fazendo a nossa parte com a perspectiva de que as ações encontrem ressonância no Congresso e no Judiciário, sob a representação dos companheiros parlamentares que nos representam”, declarou Luizinho.

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) deixou claro o porquê do intenso esforço da manutenção do golpe. “Quando a democracia não viabiliza seus projetos escusos, eles não a aceitam”. Considerou também que, para barrar o golpe, é preciso mais mobilização, principalmente na esplanada dos Ministérios, centro do Poder. “As manifestações acontecem em todo o País porque o sangue pulsa com o desejo de justiça, mas aqui em Brasília está o coração e quando os atos acontecem, há comoção e repercussão no Brasil e no mundo”, comentou.

A deputada Erika Kokay lembrou que a composição do governo Temer evidencia o golpe e o fascismo. “Vivemos uma ruptura da democracia, o que fica claro com a forma como estão criando a CPI para apurar Sindicatos, fraturando a resistência golpista e tentando fraturar a maior celebridade política que este País criou, por medo de encará-lo nas urnas em 2018, pois não aceitam um representante do trabalhador no poder”, comentou Erika, referindo ao ex-presidente Lula. Ao reforçar sobre a importância dos movimentos populares unificados para reverter o golpe, a parlamentar, parafraseando o próprio Lula, lembrou aos golpistas que “nunca ousem duvidar da capacidade e do poder e de organização de um trabalhador”, finalizou.

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Reverendo discursa contra racismo durante o Congresso da SEIUPara o diretor de campanhas estratégicas para a América Latina da Seiu (Sindicato Internacional dos Trabalhadores de Serviços), Joe Simões, o Brasil tem uma das melhores legislações trabalhistas do mundo e também é referência em relação à saúde. “Do ponto de vista social, para nós, o Brasil é uma referência”, expõe. Entretanto, Simões ressalta que a mídia controla e fomenta uma visão ruim do Brasil. “A mídia controla a visão que os brasileiros têm de que nos Estados Unidos as condições são melhores que no Brasil”, diz. “A experiência da maioria dos brasileiros é sobre Miami e Nova York. Aí pensam que os Estados Unidos são isso e na verdade é muito diferente. É incrível quando se sai mais para o Sul do país e se vê o tipo de pobreza, de racismo que existe. É mil vezes pior que no Brasil. Mas claro a mídia brasileira controla essa imagem.” Nos Estados Unidos, de acordo com Simões, morrem 100 pessoas por dia por falta de acesso a serviços públicos de saúde. “É um crime nesse país o que acontece”, lamenta Simões. Os direitos trabalhistas, ou melhor, a falta deles, também são críticos em solo estadunidense, aponta o diretor da SEIU. Como não há contrato de trabalho, os trabalhadores ficam à mercê da empresa. O salário é pago por hora, e quem controla as horas são as empresas. Então, em uma semana, o trabalhador pode ter 20 horas trabalhadas e na outra nada. Discriminação racial e de gênero também são graves problemas nos Estados Unidos. “Uma mulher ganha, em média, 50% a menos que um homem no mesmo trabalho”, explica Simões. Para combater esses problemas, os cerca de 2.800 delegados da SEIU, reunidos durante o congresso da entidade, aprovaram como bandeiras de luta para os próximos quatro anos: justiça racial para combater o racismo que continua muito forte, especialmente nos Estados Unidos; plano de expansão do sindicato em setores em que os trabalhadores não têm representação sindical e formas de organizar e negociar acordos coletivos que podem melhorar a vida dos trabalhadores. O congresso da Seiu ocorreu de 20 a 25 de maio, em Detroit, estado de Michigan, nos Estados Unidos. A entidade sindical representa dois milhões de trabalhadores do setor de comércio e serviços nos Estados Unidos, Canadá e Porto Rico. Alci Matos, presidente da Contracs/CUT, Eliezer Gomes, secretário de Relações Internacionais da Contracs, e Antonio Carlos da Silva Filho, coordenador do setor de serviços de hotelaria e gastronomia da Contracs, representaram a CONTRACS/CUT no congresso da Seiu e defenderam a democracia e os direitos dos trabalhadoras e trabalhadores brasileiros, durante encontro com o vice-presidente da Seiu. Leia sobre o assunto em Movimento sindical internacional está preocupado com redução de direitos no Brasil e Contracs participa de Comitê Internacional de Comida Rápida e lançamento de campanha por melhores salários nos Estados Unidos. Leia a seguir a entrevista com Joe Simões na íntegra: CONTRACS: Quais as principais discussões e preocupações da Seiu durante o congresso? JOE SIMÕES: Somos o Sindicato Internacional dos Trabalhadores em Serviços, atuando nos Estados Unidos, Canadá e na ilha de Porto Rico. A cada quatro anos realizamos esse congresso em que tudo sobre o futuro é decidido. Cerca de 2.800 delegados aprovaram o programa de trabalho da Seiu para os próximos anos, lutas, recursos e a direção executiva (2016-2020). Para os próximos quatro anos, o primeiro ponto, muito importante, é trabalhar por justiça racial para combater o racismo que continua sendo muito forte nos Estados Unidos. Em segundo lugar, aprovamos um plano para construir um sindicato maior, com mais filiados, especialmente nos setores onde os trabalhadores não têm um sindicato, como por exemplo, o setor de comida rápida. São dois milhões de trabalhadores nos Estados Unidos e nenhum representado por sindicato. Os trabalhadores/as domésticos/as, não temos números exatos, mas cerca de quatro milhões não têm sindicato. Então é preciso construir um sindicato mais forte, com foco em setores que não têm nenhuma representação. O terceiro ponto é como organizar e negociar acordos coletivos que podem melhorar a vida dos trabalhadores. CONTRACS: A Seiu lançou sua campanha por “15 dólares e sindicato”. Há dificuldade de sindicalização nos Estados Unidos? JOE SIMÕES: Nos Estados Unidos temos um sistema sindical muito diferente do brasileiro. Aqui para o trabalhador ter sindicato é preciso ter eleição em cada local de trabalho. Nós da Seiu, e todo o movimento sindical, queremos mudar essa lei. Queremos que os trabalhadores tenham o direito à sindicalização. Já existe em alguns lugares, mas não é lei. CONTRACS: Que setores a Seiu representa? JOE SIMÕES: A Seiu representa dois milhões de trabalhadores. Cerca de um milhão no setor público e 900 mil no setor de saúde, mais 400 mil no setor de serviços (limpeza, comida rápida, manutenção, vigilantes), que é onde a Seiu está crescendo mais. CONTRACS: Como foi a participação internacional no congresso? JOE SIMÕES: A maior delegação internacional do congresso foi brasileira. Tivemos também dirigentes de Marrocos, Argentina, Chile, República Dominicana, França, Itália, Alemanha, Bélgica, Japão, Coreia e África do Sul. Com nossa campanha por 15 dólares a hora muitos países estão vendo que sim é possível. Poucos anos atrás achavam que não era possível, agora se vê que é possível ter um salário de 15 dólares a hora. Em poucos anos serão 20 milhões de trabalhadores que vão chegar a isso. CONTRACS: O trabalhador sindicalizado tem melhor qualidade de vida nos Estados Unidos? JOE SIMÕES: O trabalhador sindicalizado ganha, em geral, salário maior que o não sindicalizado. Em média, o trabalhador tem melhores benefícios e ganha 30% a 35% a mais quando o sindicato negocia. A mulher trabalhadora sindicalizada ganha 50% a mais que a não sindicalizada. Nos Estados Unidos, há muita discriminação salarial em relação a gênero. A mulher ganha metade do que o homem no mesmo trabalho. Quando há sindicato para negociar o salário fica quase igual, reduzindo a desigualdade de gênero. Em relação à saúde, é nosso sonho ter um SUS, para que todo trabalhador tenha acesso ao sistema público. Não há um sistema público de saúde nos Estados Unidos. Números do governo mostram que 100 pessoas morrem todo dia porque não têm acesso à saúde. É um crime nesse país o que acontece. O sindicato é que negocia o plano de saúde com a empresa. Agora o (Barack) Obama (presidente estadunidense) abre a possibilidade para a pessoa que não tem sindicato e não tem negociação coletiva comprar um plano de saúde direto com o governo. Mas é privado e dependendo da renda tem subsídio. O acesso a um plano de saúde básico vai custar cerca de 400 dólares. Se você tem sindicato, ele negocia um plano que a empresa paga. Se você não tem sindicato, tem de pagar do bolso um plano básico que funciona assim: quando vou ao médico tenho de pagar extra, exame extra, o resto todo tem de pagar. Ser sindicalizado dá acesso à saúde, acesso às férias porque não existe lei nos Estados Unidos garantindo férias, feriado e folga. Aqui a lei é bem concreta: trabalhador sem sindicato, quem domina o salário, os benefícios e as condições de trabalho é a empresa. Trabalhador não tem contrato de trabalho aqui. A empresa contrata e concede os benefícios e os salários que quer. Mas a lei também fala que se o trabalhador tem sindicato isso muda. O sindicato é a organização que tem de negociar para o trabalhador, por lei. CONTRACS: Como é o trabalho que a Seiu realiza no Brasil? JOE SIMÕES: Nossa mais antiga parceria no Brasil é com a Contracs, que deu base ao conhecimento que temos sobre o movimento sindical no país. Hoje, trabalhamos com todas as centrais em vários setores: serviços, saúde, comida rápida. Nesse último setor trabalhamos com vários sindicatos, incluindo a Contracs, para melhorar as condições de trabalho, especialmente no McDonald’s. CONTRACS: Como você vê a conduta do McDonald’s no Brasil e no mundo? É igual em todos os países? JOE SIMÕES: Em parte sim. Realmente o McDonald´s têm um sistema, um modelo de negócio que é igual no mundo inteiro. Onde a gente tem visto que a empresa é melhor, por exemplo, é na Europa, no Norte da Europa – Suécia, Suíça e Bélgica. Lá o McDonald´s atacam menos os trabalhadores, dão bons benefícios e até bom salário, porque nesses países têm um movimento sindical muito forte. De modo geral, o que a gente tem encontrado nesse setor de comida rápida, especialmente McDonald’s, é que quando eles podem, eles abusam do trabalhador. Repare: quem trabalha no McDonald´s? 90% são jovens. No Brasil, 70% são jovens entre 16 e 22 anos. Então eles tratam trabalhadores de forma igual: salários baixos, trabalho em condições precárias. Isso é igual praticamente no mundo inteiro. O trabalho da Seiu com os sindicatos brasileiros é mostrar essa realidade sobre McDonald’s em todo mundo. Em primeiro lugar, a gente usa a experiência da Seiu e a conexão global para fortalecer os sindicatos no Brasil. Segundo, a gente procura fazer pressão para a empresa tratar os trabalhadores melhor. Terceira questão é chegar a um Acordo Global. Parte do nosso trabalho com comida rápida é diretamente com a UITA. A Seiu é filiada à Uita e ela tem sido muito importante para construir essa conexão no mundo inteiro, porque hoje a gente está no Brasil, Estados Unidos, Europa e Japão. Já podemos ver um movimento nesse setor global, em que vários países já estão trabalhando nessa luta para melhorar condições de trabalho nesse setor. CONTRACS: Qual o valor do salário mínimo nos Estados Unidos? JOE SIMÕES: Há um salário mínimo federal de 7,85 dólares. Mas cada estado pode pagar mais. Mas não pode pagar menos. A diferença entre o trabalhador brasileiro e o americano é que nos Estados Unidos se ganha por hora e não há garantia do valor mensal. Você sabe quanto ganha por hora, mas não há garantia de quanto vai receber no fim do mês. Tudo depende da hora que você trabalha e quem controla as horas de trabalho é a empresa. Esta semana você pode trabalhar 20 horas, já em outras semanas nada, nenhuma hora. Quem controla as horas e os salários são as empresas. Toda empresa é assim. Esse modelo está começando a se expandir para fora dos Estados Unidos. O McDonald´s, por exemplo, no Brasil tem tentado implementar esse sistema onde o trabalhador só ganha baseado na hora. Aí os sindicatos brasileiros barraram esse sistema, mas eles continuam tentando. CONTRACS: Com sua experiência internacional, o que você vê de positivo no Brasil que gostaria que fosse implementado nos Estados Unidos? JOE SIMÕES: O Brasil tem uma das melhores leis trabalhistas do mundo. Vocês têm saúde pública (SUS), já nós não temos saúde pública nos Estados Unidos. Nós não temos educação pública em nível superior. Do ponto de vista social, para nós, o Brasil é uma referência. Claro que tem seus problemas como todos os países. Mas nós preferimos ter uma saúde pública com problemas que nenhum Sistema de Saúde público. Existe uma fantasia que faz parte da estratégia da direita brasileira e da mídia que controla a visão que os brasileiros têm de que nos Estados Unidos as condições são melhores que no Brasil. Isso é uma imagem que se constrói. Eu moro no Brasil e vejo. Você nunca vê uma notícia boa do Brasil e uma ruim dos Estados Unidos. É sempre tudo ruim no Brasil e tudo bom nos Estados Unidos. A pobreza atualmente cresce muito nos Estados Unidos. A experiência da maioria dos brasileiros é sobre Miami e Nova York. Aí pensam que os Estados Unidos são isso e na verdade é muito diferente. É incrível quando se sai mais para o sul do país e se vê o tipo de pobreza, de racismo que existe no país. É mil vezes pior que no Brasil. Mas claro a mídia brasileira controla essa imagem e eles não querem que o Brasil saiba como é a realidade americana.
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