quinta-feira, abril 18, 2024

Combater a discriminação racial existente na sociedade brasileira é fundamental para garantir condições dignas de trabalho e vida

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No dia internacional de combate à discriminação racial, a Contracs destaca as desigualdades raciais do mercado de trabalho.

Nos últimos 20 anos, a melhora do mercado de trabalho permitiu a redução das desigualdades raciais, no entanto a recente piora do crescimento econômico impacta diretamente e de forma mais significativa sobre a população negra, demonstrando que as desigualdades raciais persistem e se reproduzem de forma efetiva nas relações de trabalho.

De acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), a diferença do rendimento salarial entre negros e não negros sinaliza a dimensão das enormes dificuldades enfrentadas pelos negros no mercado de trabalho. Em Salvador, mesmo com maior presença dos negros na estrutura produtiva, o rendimento médio por hora recebido pelos negros correspondia a 76,6% do rendimento dos não negros.

Além disso, os negros são maioria entre os desempregados. O estudo aponta que a desigualdade no acesso ao mercado de trabalho e nas condições de trabalho afeta os negros e é ainda mais intensa quando se trata das mulheres negras.

A secretária de políticas de promoção da igualdade racial da Contracs, Ana Lúcia da Silva Lemos, confirma que a discriminação contra as mulheres negras é “bem pior”. “Ainda está presente a distorção da inferioridade da mulher na sociedade e nas relações de trabalho, em especial quando a mulher é negra. Os absurdos são vistos e ouvidos com frequência.” constata.

As formas de inserção no mercado de trabalho também denunciam as desigualdades raciais existentes. De acordo com a PED, entre 2004 e 2014, a participação relativa dos negros é maior nas ocupações nas quais prevalece a ausência da proteção previdenciária e onde os direitos trabalhistas são desrespeitados.

Ana Lúcia destaca que o enfrentamento das desigualdades raciais na agenda sindical é uma luta diária junto a dirigentes e trabalhadores e trabalhadoras filiados. “Buscamos superar as questões de cor, gênero e raça, levando isso para o nosso dia a dia: em casa, no ambiente de trabalho, nas ruas e sobretudo dentro do nosso sindicato.”

Na luta pela eliminação da discriminação racial, especialmente no mundo do trabalho, a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT (Contracs/CUT) defende a inclusão de mais cláusulas de proteção racial nos acordos e convenções coletivos assim como sugere intensificar a ação jurídica de combate ao racismo e pela promoção da igualdade racial.

Para pautar o tema no meio sindical, a Contracs aponta para a necessidade dos sindicatos e federações avançarem na discussão e conscientização quanto ao combate do preconceito, da intolerância, da xenofobia e do racismo; ampliar as ações formativas de enfrentamento à discriminação racial e incentiva que as entidades filiadas criem secretarias e coletivos raciais nas entidades filiadas para abordar a temática.

Para a confederação, o combate à discriminação racial é fundamental na busca pelo trabalho decente e, por isso, defende como bandeira histórica de luta a equiparação de direitos. No dia internacional de combate à discriminação racial, a secretária de políticas de promoção da igualdade racial da Contracs, Ana Lúcia da Silva Lemos, acredita na possibilidade de mudança da sociedade. “Vamos melhorar os conceitos e os valores da sociedade para que a igualdade entre as pessoas seja alcançada. Por isso, é preciso acreditar que podemos transformar as pessoas.”

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